Mercedes T80 - um carro projetado para quebrar o recorde de velocidade antes da Segunda Guerra Mundial


A rivalidade entre Mercedes e Auto-Union na metade da década de 30 era flagrante, e totalmente incentivada e apoiada pelo governo alemão.

A Alemanha vivia sob o domínio do nazismo, e para Adolf Hitler, as conquista das duas marcas no campo automobilístico, era mais uma prova da sua doentia ideologia da supremacia ariana.

Milhões de reichmarks foram destinados para pesquisas e as duas marcas dominavam as competições, e nomes como Rudof Caracciola, Brend Rosemeiyer, Hermann Paul Muller, Hermann Lang, Manfred Von Brauchitsch se notabilizaram, disputando com Louis Chiron, Tazio Nuvolari, Baconin Borzacchini e Attilio Marinoni.


Os carros alemães já eram conhecidos como flechas de prata, devido a por força de regulamento dos carros de grand-prix da época ter de perder peso, o engenheiro da Mercedes, Alfred Neubauer, mandou raspar a pintura dos carros.

O regulamento da época exigia o peso máximo de 750kg para os monopostos e os carros da Mercedes (W25) estavam um quilo acima. Neubauer e o piloto Brauchitsch optaram por retirar a tinta dos carros, e deixar ele no fundo de alumínio.

O carro chegou no peso desejado, e nunca mais a Alemanha usou a cor branca, assim por causa do fundo de alumínio ganharam a alcunha de flechas de prata.

Mas aquilo que desejo contar da história é a rivalidade entre Auto Union e Mercedes pelo recorde de velocidade sobre a terra. A Auto-Union havia derrotado a Mercedes em 1937 com a marca de 400 km/h na estrada Frankfurt – Darmstadt com Rosemeyer ao volante.

Em 1938 a Mercedes retomou o recorde, com Caracchiola estabelecendo 432,69 km/h. Minutos depois Rosemeyer tinha tudo para quebrar a marca, mas uma rajada de vento tirou seu carro da pista, e custou a vida do piloto.
Mesmo sem a rival lhe fazer frente, já que a morte da sua grande estrela a tivesse abalado, a Mercedes continuou quebrando as marcas. 




Veio então a decisão de Hitler de arrebatar o recorde absoluto de velocidade sobre a terra, muito também influenciado por Hans Stück, em fazer o carro definitivo.
A Mercedes apresentou o T80. O carro era desenvolvido em túnel de vento; sim os primeiros túneis de vento são exatamente desta época, prova disto é que o carro tinha um cx (índice de coefiente de penetração aerodinâmica) de 0,18..

O protótipo tinha seis rodas, um motor sobrealimentad de 12 cilindros, que posteriormente seria utilizado nos caça Bf 109, com quase 3000 Hp. O combustível era uma mistura de álcool, benzeno, acetona, nitrobenzeno, avgas, éter,e metano-água.

A aceleração deveria atingir de 0 a 62 mph (99,7793 km/h) em 1.32 segundos e chegar a 466 mph (750 km/h)
O recorde na época era de Malcom Campbell, com o Bluebird que havia estabelecido em 3 de setembro de 1935, com a marca de 484,955 km/h.

Hitler investiu a quantia de 600.000 marcos, para  Daimler desenvolver o projeto, e a marca  contratou ninguém menos que Ferdinand Porsche. Junto a Porsche, a Mercedes criou o gigantesco chassis tubular, onde foi colocado o motor DB-603. Nada mais nada menos, que um V12 invertido de 44,5 litros de cilindrada, sobrealimentado por um gigantesco
compressor.

O motor pesava uma tonelada, e por esse motivo a Mercedes optou por utilizar 3 eixos. Dois traseiros e um dianteiro, com pneus especialmente desenhados para altas velocidades. A aerodinâmica seria a chave para o recorde, e por isso foram criadas enormes asas para gerar downforce, fundo plano para criar efeito solo e um duplo aerofólio traseiro.

O carro tinha 8,24 metros de comprimento, 3,20 de comprimento e uma altura de 1,74 metros. Tudo isso com um peso total de 2.896 quilos. Como toda carroceria era de alumínio, o peso do motor foi compensado.

Hitler queria pintar o carro de preto e colocar as insígnias nazista, algo que lhe valeu a alcunha de “Pássaro Negro”. A tentativa de quebra de recorde iria acontecer em 1940, mas a invasão da Polônia e com isso a deflagração da II Guerra Mundial, aconteceu em setembro de 1939.

O T80 nunca teve a chance de tentar o recorde. O local escolhido para isso era um trecho de 10 km da Autobahn de Dessau (atualmente a A9). Muitos afirmam que a expectativa de atingir os 750 km/h era totalmente possível.

John Cobb, com o Railton Special, foi quem quebrou a marca de Campbell ainda em agosto de 1939, com a marca de 595 km/h. O T80 exista ainda hoje, e está exposto no Mercede Museum, em Stuttgart.


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